quinta-feira, 19 de junho de 2014

Aos melhores




Você passa dois anos (ou quatro), indo para o mesmo lugar todos os dias, vendo as mesmas pessoas, falando sobre o mesmo assunto, aguentando os mesmos professores chatos, idolatrando os mesmos professores ótimos, reclamando dos mesmos problemas, comendo o mesmo salgado murcho, bebendo no mesmo boteco ou bar, ficando loucos de vez em quando, mas tendo as melhores risadas sempre.

Você passa dois anos querendo sair mais cedo da aula TODOS os dias, se revoltando com o primeiro infeliz que levanta a mão no fim da aula querendo fazer pergunta, se revoltando com a quantidade de memórias de aula que tem que imprimir,  se perdendo nos prédios para achar algum departamento e ninguém resolver nada pra você, se desesperando nas provas, quebrando a cabeça pra fazer um seminário, deixando de dormir até mais tarde no fim de semana pra fazer o tal do trabalho, indo dormir mais tarde pra fazer o tal do trabalho.

Sem contar que logo naquele dia, em uma sexta-feira tem aniversário de um brother seu às 19h, e você tem o que? Aquele maldito seminário para apresentar! PQP! SIM PQP MESMO, poderia estar bebendo, rindo, falando merda, mas não, estou aqui falando sobre sei lá o que, passando nervoso ou não, com as mãos tremendo ou não, gaguejando (sempre eu), e falando aquele bla bla bla pra ganhar nota e por fim falar: "Menos um trabalho".

Ahhhhhhhh a faculdade! Aquela que tira seu tempo, seu sono, sua paciência, seus fins de semana, seus feriados, suas refeições bem feitas, seu namorado, suas noites bem-dormidas, sua diversão.

Mas, em compensação você ganha, entre os ítens que mais se destacam um belo par de olheiras, as desavenças com as impressoras (um enorme parabéns  aos que não quebraram ou não deram pelo menos um soco em alguma). Não podemos deixar de citar as brigas com o seu grupo e as incontáveis vezes em que você escreveu, reescreveu, editou, gravou, falou foda-se, apagou tudo e começou de novo.

E chega o grande dia e junto com ele, um imenso alívio. É isso. Acabou. Tchau.
Até mais.

Dai ok, as pessoas tem a vivência de calango sofrido do nordeste, a acordam cedo, trabalham até às 18h e vão pra casa. No dia seguinte também. E no outro, e no outro. Alguns arrumam outras atividades pra ocupar o tempo. Outros simplesmente vão pra casa, sentam-se no sofá e assistem tv, dormem, comem, babam na almofada sem se importar em ver o tempo passar.

Mas, sei lá, estranho né?! Ir para casa, não ir para o bar, não ver o pessoal todo dia (aqueles que ficam sabe <3), não falar merda, sem piadas, sem brigas, patadas, mimimis, não ouvir as edições de músicas na linguagem dos homens, não ver fulano resmungando, ou fazendo piada, ou te zuando por suas onomatopeias. Enfim!

E chega por fim a "DPF" - Depressão pós-faculdade.

É meu bem, tudo aquilo que você falou mal, agora vai fazer uma enorme falta na sua vida.
Ficou um buraco.
E, se você não aproveitou, esse buraco fica ainda maior.

Portanto, se durante os dois anos você não quis comer aquele salgado gorduroso, tomar a cerveja no boteco da esquina (mentira, porque no fundo no fundo o que pesava era a consciência de beber sempre, mas vontade nunca faltou), fazer um seminário, escrever a matéria, fazer resenhas, fazer projeto todo semestre, aprender a MERDA DA ABNT, estudar para prova, pedir para o professor tirar sua falta, conversar durante a aula e tomar bronca, dar uma de “nerd”  responder o que o professor pergunta e muito, muuuuito mais...

Meu caro, você perdeu.

Agora, se você fez tudo isso, com muito orgulho, curta a saudade, e lembre-se que essa foi uma das melhores épocas da sua vida, e que quem foi seu parceiro, vai ser seu parceiro SEMPRE!

E que, da faculdade, você tire pelo menos esta lição: os momentos e as pessoas são únicos, e as oportunidades também.

"Quem é de verdade, sabe quem é de mentira”.

ENTÃO, UM BRINDE AOS VERDADEIROS!


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